quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Lagoa da Pampulha poderá ter uso da água em prática náutica este ano

 


Um dos cartões turísticos da capital mineira poderá ter em breve a volta da prática de esportes náuticos. A Lagoa da Pampulha está cada vez mais próxima depois de décadas de poluição. Com investimentos de anos para a limpeza da lagoa, o espelho d’água apresenta pontos com índice de qualidade considerado de “bom” a “ótimo”, resultado de ações iniciadas em 2016. A mudança na qualidade da água já permite idealizar, para um futuro próximo, a prática de esportes náuticos, passeios de barco e a integração do espaço ao turismo.

Com a melhora progressiva da água, a Prefeitura de Belo Horizonte  estuda liberar atividades recreativas na Pampulha. Um grupo de trabalho multidisciplinar foi criado, sob coordenação da Fundação Municipal de Cultura , para elaborar um decreto que irá regulamentar possíveis atividades, como navegação e esportes aquáticos.

A ideia é que o decreto com as regras para uso da lagoa seja publicado ainda em 2025. No entanto, a liberação de atividades como passeios de barco dependerá das demandas que surgirem após a regulamentação.

A Lagoa da Pampulha teve a navegação proibida ainda na década de 1960, justamente devido à poluição. Desde então, apenas usos pontuais foram tentados, mas sem continuidade. A despoluição da lagoa não é apenas uma questão ambiental: representa também um potencial econômico e cultural para Belo Horizonte. 

De acordo com a diretora de Manutenção de Bacias da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi), Ana Paula Fernandes, a melhora gradual é resultado de medidas como a retirada diária de resíduos flutuantes (de 5 a 10 toneladas), biorremediação da água para controle da matéria orgânica e desassoreamento do fundo da lagoa.

“O resultado é fruto de um trabalho contínuo. É um processo lento e progressivo, mas os dados que a Prefeitura e a Copasa monitoram mostram compatibilidade nos resultados e indicam que estamos no caminho certo”, explica a diretora.

Um dos pontos críticos ainda é o lançamento de esgoto in natura na bacia hidrográfica da Pampulha. A Copasa, que firmou um plano de ação judicial homologado em 2023, assumiu a responsabilidade de universalizar o esgotamento sanitário na região em até cinco anos. Ou seja, a previsão é que 100% dos imóveis da bacia estejam conectados à rede até 2028.

“A expectativa é que, com o atendimento de 100% da coleta, a gente consiga padrões ótimos em toda a lagoa”, afirma Ana Paula Fernandes.

Próximo capítulo: turismo e lazer na Lagoa da Pampulha - O avanço na despoluição da lagoa fez com que o prefeito de BH, Álvaro Damião (União Brasil), anunciasse a intenção de liberar passeios de barco e esportes aquáticos na represa até o fim deste ano. No entanto, o grupo de trabalho formado pelas secretarias de Obras, Meio Ambiente, Esportes, Turismo e Segurança precisa definir regras. 

Segundo a gerente do Conjunto Moderno da Pampulha, Janaina França Costa, a ideia é integrar o lago ao patrimônio cultural da região. “É muito bonito ter essa oportunidade de ver os equipamentos do conjunto moderno a partir do lago. O espelho d’água é um elemento articulador, extremamente importante para a paisagem cultural reconhecida pela Unesco”, destacou.

A expectativa, de acordo com França, é que o retorno de embarcações represente uma transformação para o turismo da Capital. “O grupo está extremamente comprometido em fazer isso de forma responsável. Temos certeza de que será uma experiência maravilhosa para os cidadãos e visitantes”, ressalta.

Abertura do espelho d´agua para os esportes e turismo promete ampliar a atratividade do Conjunto Moderno da Pampulha, Patrimônio Mundial da Unesco, impulsionar a economia criativa da região e oferecer à população uma nova forma de se reconectar com um dos maiores símbolos da cidade.

Mais de 1,2 milhão de turistas visitaram a Pampulha em seis meses

A região da Pampulha recebeu mais de 1,2 milhão de visitantes entre fevereiro e julho de 2025, segundo dados da PBH. O número reforça o potencial da área não apenas como polo turístico e cultural, mas também como espaço com demanda crescente para atividades de lazer, esportes e convivência.

O dado foi captado pelo Sistema de Sensorização Turística, uma tecnologia instalada em pontos estratégicos da Pampulha como a Praça Dino Barbieri, o Museu Casa Kubitschek e o Parque Ecológico da Pampulha. Os sensores identificam sinais de dispositivos móveis, de forma anônima e agregada, para mapear o fluxo de pessoas e os horários de maior circulação.

O sistema, implementado pela Belotur em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Sebrae, faz parte do Programa Turismo Futuro Brasil, voltado à inovação no setor. Com picos de movimentação registrados em junho (238 mil visitantes) e julho (257 mil visitantes), os dados mostram que o possível uso da Lagoa da Pampulha em práticas esportivas e de navegação pode atrair ainda mais turistas em um futuro breve.

Além da melhoria na experiência turística, os dados também devem embasar futuras ações de infraestrutura, segurança e lazer na Pampulha. A próxima etapa do projeto prevê a implementação de estratégias de marketing digital de proximidade, com QR codes e interações em tempo real com os visitantes.

Investimento de milhões para a despoluição da lagoa - O processo de universalização do esgoto está em andamento. A Copasa estima que 99,2% da população da bacia já esteja conectada ao sistema e que a última fase, que envolve menos de 1% dos imóveis, seja concluída até 2028. Nos últimos 20 anos, a companhia investiu mais de R$ 760 milhões na região, incluindo a construção de redes, obras de modernização e monitoramento da qualidade da água. Em 2025, foram aplicados R$ 15 milhões.

“Mais de 10 mil pessoas ainda lançam esgoto de forma irregular, que chega à lagoa pelos córregos. Esse volume ultrapassa 2.500 toneladas de esgoto por dia. A Copasa já avançou em cerca de 50% das ligações previstas e agora entra em uma fase com obras mais estruturantes, como a expansão das redes”, detalha Ana Paula Fernandes.

Do lado da Prefeitura, os investimentos somam cerca de R$ 25 milhões por ano, destinados a serviços de manutenção do espelho d’água, como limpeza, tratamento e acompanhamento ambiental. “São ações permanentes, mas a tendência é que, conforme a bacia melhore, a intensidade dessas intervenções seja reduzida”, explica a diretora da Smobi.

 

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