Um dos cartões turísticos da capital mineira poderá ter em
breve a volta da prática de esportes náuticos. A Lagoa da Pampulha está cada
vez mais próxima depois de décadas de poluição. Com investimentos de anos para
a limpeza da lagoa, o espelho d’água apresenta pontos com índice de qualidade
considerado de “bom” a “ótimo”, resultado de ações iniciadas em 2016. A mudança
na qualidade da água já permite idealizar, para um futuro próximo, a prática de
esportes náuticos, passeios de barco e a integração do espaço ao turismo.
Com a melhora progressiva da água, a Prefeitura de Belo
Horizonte estuda liberar atividades
recreativas na Pampulha. Um grupo de trabalho multidisciplinar foi criado, sob
coordenação da Fundação Municipal de Cultura , para elaborar um decreto que irá
regulamentar possíveis atividades, como navegação e esportes aquáticos.
A ideia é que o decreto com as regras para uso da lagoa seja publicado ainda em 2025. No entanto, a liberação de atividades como passeios de barco dependerá das demandas que surgirem após a regulamentação.
A Lagoa da Pampulha teve a navegação proibida ainda na
década de 1960, justamente devido à poluição. Desde então, apenas usos pontuais
foram tentados, mas sem continuidade. A despoluição da lagoa não é apenas uma
questão ambiental: representa também um potencial econômico e cultural para
Belo Horizonte.
De acordo com a diretora de Manutenção de Bacias da
Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi), Ana Paula Fernandes, a
melhora gradual é resultado de medidas como a retirada diária de resíduos
flutuantes (de 5 a 10 toneladas), biorremediação da água para controle da
matéria orgânica e desassoreamento do fundo da lagoa.
“O resultado é fruto de um trabalho contínuo. É um processo
lento e progressivo, mas os dados que a Prefeitura e a Copasa monitoram mostram
compatibilidade nos resultados e indicam que estamos no caminho certo”, explica
a diretora.
Um dos pontos críticos ainda é o lançamento de esgoto in
natura na bacia hidrográfica da Pampulha. A Copasa, que firmou um
plano de ação judicial homologado em 2023, assumiu a responsabilidade de
universalizar o esgotamento sanitário na região em até cinco anos. Ou seja, a
previsão é que 100% dos imóveis da bacia estejam conectados à rede até 2028.
“A expectativa é que, com o atendimento de 100% da coleta, a
gente consiga padrões ótimos em toda a lagoa”, afirma Ana Paula Fernandes.
Próximo capítulo: turismo e lazer na Lagoa da Pampulha - O
avanço na despoluição da lagoa fez com que o prefeito de BH, Álvaro Damião
(União Brasil), anunciasse a intenção de liberar passeios de barco e esportes
aquáticos na represa até o fim deste ano. No entanto, o grupo de trabalho
formado pelas secretarias de Obras, Meio Ambiente, Esportes, Turismo e
Segurança precisa definir regras.
Segundo a gerente do Conjunto Moderno da Pampulha, Janaina
França Costa, a ideia é integrar o lago ao patrimônio cultural da região. “É
muito bonito ter essa oportunidade de ver os equipamentos do conjunto moderno a
partir do lago. O espelho d’água é um elemento articulador, extremamente
importante para a paisagem cultural reconhecida pela Unesco”, destacou.
A expectativa, de acordo com França, é que o retorno de
embarcações represente uma transformação para o turismo da Capital. “O grupo
está extremamente comprometido em fazer isso de forma responsável. Temos
certeza de que será uma experiência maravilhosa para os cidadãos e visitantes”,
ressalta.
Abertura do espelho d´agua para os esportes e turismo
promete ampliar a atratividade do Conjunto Moderno da Pampulha, Patrimônio
Mundial da Unesco, impulsionar a economia criativa da região e oferecer à
população uma nova forma de se reconectar com um dos maiores símbolos da
cidade.
Mais de 1,2 milhão de turistas visitaram a Pampulha em seis
meses
A região da Pampulha recebeu mais de 1,2 milhão de
visitantes entre fevereiro e julho de 2025, segundo dados da PBH. O número
reforça o potencial da área não apenas como polo turístico e cultural, mas
também como espaço com demanda crescente para atividades de lazer, esportes e
convivência.
O dado foi captado pelo Sistema de Sensorização Turística,
uma tecnologia instalada em pontos estratégicos da Pampulha como a Praça Dino
Barbieri, o Museu Casa Kubitschek e o Parque Ecológico da Pampulha. Os sensores
identificam sinais de dispositivos móveis, de forma anônima e agregada, para
mapear o fluxo de pessoas e os horários de maior circulação.
O sistema, implementado pela Belotur em parceria com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Sebrae, faz parte do Programa
Turismo Futuro Brasil, voltado à inovação no setor. Com picos de movimentação
registrados em junho (238 mil visitantes) e julho (257 mil visitantes), os
dados mostram que o possível uso da Lagoa da Pampulha em práticas esportivas e
de navegação pode atrair ainda mais turistas em um futuro breve.
Além da melhoria na experiência turística, os dados também
devem embasar futuras ações de infraestrutura, segurança e lazer na Pampulha. A
próxima etapa do projeto prevê a implementação de estratégias de marketing
digital de proximidade, com QR codes e interações em tempo real com os
visitantes.
Investimento de milhões para a despoluição da lagoa - O processo de universalização do esgoto está em andamento. A Copasa estima que 99,2% da população da bacia já esteja conectada ao sistema e que a última fase, que envolve menos de 1% dos imóveis, seja concluída até 2028. Nos últimos 20 anos, a companhia investiu mais de R$ 760 milhões na região, incluindo a construção de redes, obras de modernização e monitoramento da qualidade da água. Em 2025, foram aplicados R$ 15 milhões.
“Mais de 10 mil pessoas ainda lançam esgoto de forma
irregular, que chega à lagoa pelos córregos. Esse volume ultrapassa 2.500
toneladas de esgoto por dia. A Copasa já avançou em cerca de 50% das ligações
previstas e agora entra em uma fase com obras mais estruturantes, como a
expansão das redes”, detalha Ana Paula Fernandes.
Do lado da Prefeitura, os investimentos somam cerca de R$ 25
milhões por ano, destinados a serviços de manutenção do espelho d’água, como
limpeza, tratamento e acompanhamento ambiental. “São ações permanentes, mas a
tendência é que, conforme a bacia melhore, a intensidade dessas intervenções
seja reduzida”, explica a diretora da Smobi.
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