Preservar o meio ambiente é fundamental porque dele obtemos todos os recursos essenciais para a vida, como água, ar, alimentos e matérias-primas, e sua degradação ameaça o bem-estar humano e a sobrevivência de outras espécies. Além disso, a preservação é crucial para garantir um planeta saudável para as futuras gerações e para manter o equilíbrio dos ecossistemas.
O Parque Estadual Serra do Rola-Moça é uma das áreas verdes
mais importantes de Minas Gerais. Com 3.941,09 hectares, é o terceiro maior
parque de preservação ambiental em área urbana do Brasil. O mesmo está
localizado nos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima,Ibirité e Brumadinho e
foi criada em 1994. A reserva possui vários mananciais que abastecem a Região
Metropolitana de Belo Horizonte, além de uma rica diversidade de fauna,
com espécies ameaçadas de extinção, como por exemplo, a onça parda, a jaguatirica,
lobo-guará, o gato-do-mato, o macuco e o veado-campeiro. Situado na zona de
transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, sendo, portanto, rico em campos
ferruginosos e de altitude, o parque abriga espécies raras como orquídea,
bromélia, candeia, jacarandá, cedro, jequitibá, arnica e a canela-de-ema,
que se tornou seu símbolo. Recentemente descrito pela geologia, o Campo
Ferruginoso é muito raro, sendo encontrado apenas em Minas Gerais, no
quadrilátero ferrífero, e em Carajás, no Estado do Pará. Entre os principais
atrativos destacam-se as trilhas e mirantes, em especial o “Morro dos Veados”,
pois além de possibilitar uma visão panorâmica do vale é ainda uma ótima parada
para registrar uma boa selfie. O Parque possui também diversas trilhas e
mananciais, - como o Lago Azul-, que podem ser visitados para fins de Educação
Ambiental, mediante disponibilidade de atendimento.
Equipados com coleiras de rastreamento, lobos-guarás, onças-pardas e outros carnívoros são acompanhados por equipes técnicas que avaliam deslocamentos, sobrevivência e adaptação das espécies . O uso de coleiras de rastreamento tornou-se um importante aliado nas ações de manejo da fauna em Minas Gerais. Os dispositivos registram o comportamento e a movimentação dos animais após a soltura, oferecendo dados estratégicos que orientam o trabalho de campo e fortalecem as políticas públicas de conservação da biodiversidade no Estado.
Lobo-guará monitorado (Robson Santos / Sisema)
No Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, administrado pelo Instituto
Estadual de Florestas-IEF, o monitoramento integra um trabalho contínuo de
pesquisa e proteção.
As equipes realizam capturas rápidas e seguras: o animal é sedado, passa por
exames clínicos, coleta de sangue e pesagem e, em menos de uma hora, é
devolvido ao local de origem, minimizando o estresse e maximizando a coleta de
informações científicas.
Segundo o biólogo Joaquim Silva, coordenador do programa de monitoramento, o
uso de rádio-colares representa um avanço na compreensão da ecologia de
espécies de vida livre.
"Os equipamentos variam em tamanho conforme o porte do animal e enviam
dados via satélite quase de hora em hora, permitindo entender padrões de
comportamento, deslocamento e áreas de uso", explica.
As coleiras possuem sistema automatizado de liberação (drop-off), que se
desprende do animal após até dois anos, sem causar danos.
"Apesar de parecerem grandes, pesam no máximo 5% a 6% do peso corporal. No
caso das onças, apenas 2,6%. Os animais se adaptam rapidamente, e o dispositivo
é resistente à água, vegetação densa e longos períodos de exposição. É a mesma
tecnologia usada em projetos nacionais e internacionais", completa
Joaquim.
O acompanhamento permite identificar padrões de atividade antes imperceptíveis.
Os dados revelam momentos de repouso, caça ou deslocamento por diferentes tipos
de vegetação, ajudando a mapear corredores ecológicos e identificar riscos,
como atropelamentos e perda de habitat.
Ela ressalta que o estudo fornece subsídios para pesquisas e
políticas de conservação. "Compreender o comportamento dos animais em
ambientes próximos da área urbana é essencial para garantir sua sobrevivência e
promover o bem-estar animal", afirma.
De acordo com o gerente do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, Henri Collet,
a prioridade é preservar a integridade física e o bem-estar do animal.
Robson Santos / Sisema
"A captura é feita com segurança e supervisionada por veterinários. Após a
sedação, realizamos exames e verificamos possíveis doenças, especialmente pela
convivência com animais domésticos. Todo o processo dura, no máximo, uma hora,
e a soltura ocorre imediatamente no mesmo local", explica.
Os dados coletados alimentam um banco de informações compartilhado com o Centro
Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio), que
integra uma rede nacional e internacional de especialistas. O objetivo é
ampliar o conhecimento sobre o comportamento e a adaptação de espécies como o
lobo-guará, a jaguatirica e a onça-parda, todas presentes em Minas Gerais.
Além de apoiar pesquisas, o monitoramento contribui para o planejamento
territorial e o fortalecimento das políticas ambientais. “A ecologia do
movimento nos permite ver a paisagem pelos olhos de um lobo, por exemplo. Ao
compreender quais áreas eles utilizam e consideram vitais, conseguimos
priorizar zonas de conservação e identificar espaços de coexistência entre
fauna e atividades humanas”, afirma Joaquim Silva.
O estudo no Rola-Moça é inédito por ocorrer em uma área sob forte pressão
urbana — próxima a rodovias, empreendimentos e mineração — e busca entender
como os animais desenvolvem estratégias de sobrevivência nesse contexto.
"Esses dados ajudam a integrar o planejamento ambiental às realidades
socioeconômicas locais, garantindo a manutenção dos ecossistemas e dos serviços
ambientais essenciais ao longo do tempo", conclui o biólogo.
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