Livremente inspirado no livro da autora colombiana María Ospina Pizano, “Talvez eu tenha aberto meus olhos no escuro e olhado” estreia dia 29 de novembro.
foto:Pablo Bernardo
Encerrando o segundo semestre de 2025, a turma de teatro da noite do Centro de Formação Artística e Tecnológica (CEFART) apresenta, no dia 29 de novembro, um espetáculo que reflete sobre a coletividade e a migração. “Talvez eu tenha aberto meus olhos no escuro e olhado” possui duas inspirações: o livro “Só um pouco aqui”, da escritora colombiana María Ospina Pizano, e um acontecimento de 2023, em que um navio com mais de 400 migrantes ficou à deriva no Mar Mediterrâneo, localizado entre o Norte da África e a Europa. Com direção e dramaturgia original assinadas por Anderson Feliciano, Mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a peça narra a história de um grupo de trezes pessoas que decide partir, coletivamente, da sua terra natal. As apresentações vão até o dia 6 de dezembro, sempre às 19h30, no Centro Interescolar de Cultura, Arte, Linguagens e Tecnologias (CICALT), localizado no bairro Horto. A entrada é gratuita, com retirada de 30% dos ingressos no Eventim e o restante no CICALT, uma hora antes do espetáculo.
O espetáculo une as linguagens das dramaturgias e das artes visuais, em uma cena-instalação que será ativada pelos corpos que migram constantemente pelo espaço. A proposta dramatúrgica dá continuidade às pesquisas do diretor sobre dramaturgia-arquipélago e é composta por um prólogo e seis ilhas (que constituem seis cenas) que não possuem necessariamente uma lógica linear, mas apresentam uma progressão temática que questiona quem pode migrar e quais são os limites e os desejos que movem esse gesto. No palco, alguns elementos se destacam: escadas, mantas felpudas e um bote inflável. Esses materiais evocam um simbolismo da migração, mas passam a agregar outros sentidos por meio da interação dos personagens. As mantas, por exemplo, surgem com o objetivo de abrigar, mas também têm a capacidade de ocultar, generalizar e descaracterizar. A utilização de figurinos largos e confortáveis também auxiliam, de forma visual, a conexão com o tema.
O espetáculo “Talvez eu tenha aberto meus olhos no escuro e olhado” é realizado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo Fredizak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne mais de 50 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo do Brasil, do lado do povo brasileiro.
As facetas da migração — Em 2024, a Agência da ONU para as Migrações (OIM) publicou um relatório indicando que há aproximadamente 281 milhões de migrantes internacionais em todo o mundo, por motivos variados. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), por sua vez, levantou que até junho de 2025 mais de 117,3 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a se deslocar devido a perseguições, conflitos, violência, violações de direitos humanos e eventos que perturbaram seriamente a ordem pública.
Com um trânsito em cidades do Brasil e outros países da América Latina, Anderson Feliciano tem tratado a questão da migração de forma frequente em seus trabalhos. “Tem sido recorrente na elaboração de minha poética questões relacionadas à migração. Ser um artista em movimento muitas vezes me coloca nessa condição. Quando fui convidado pela turma para fazer direção e dramaturgia do trabalho de formatura, acreditei que elaborar poética e coletivamente temas urgentes e necessários relacionados à migração, tais como fronteiras, direito de ir e vir, quais corpos podem cruzar fronteira e ainda sobre a possibilidade de fabular novos modos de nos relacionarmos, poderia ser importante para um coletivo de artistas em formação. Já diria Nina Simone que o artista precisa refletir sobre questões de seu tempo”, conta Anderson.
A obra não delimita um motivo específico que tenha provocado a partida do coletivo , o que fez com que os próprios intérpretes tentassem preencher essa lacuna a fim de compreender os personagens e as cenas que são narradas, fazendo com que a turma participasse ativamente na criação da obra. Entretanto, Isis Brasil, discente do terceiro ano da turma de teatro da noite, ressalta que a migração causada por conflitos possui estreita ligação com a produção. “Na peça, falamos sobre um grupo que decide migrar coletivamente. O Anderson trouxe muito a reflexão sobre os animais que migram sazonalmente e como esse movimento, instintivamente, acontece em grupo. Embora não especifique a migração causada por conflitos, essa realidade está intrínseca à obra. Uma das imagens que utilizamos como referência para a construção da nossa cena-instalação é um vídeo de um grupo de migrantes em um barco que ficou à deriva no Mar Mediterrâneo em 2023. Infelizmente, essa é uma situação recorrente para pessoas refugiadas”, afirma Iris.
CEFART – O Centro de Formação Artística e Tecnológica (CEFART), da Fundação Clóvis Salgado, é responsável por promover a formação em diversas linguagens no campo das artes e em tecnologias do espetáculo. Referência em formação artística, o CEFART possui amplo e inovador Programa Pedagógico para profissionalizar e inserir jovens talentos no mercado de trabalho da cultura e das artes. Diversas gerações de artistas e técnicos foram formadas ao longo dos quase 40 anos de atividades, com forte impacto no fazer artístico de Minas Gerais. São oferecidas, gratuitamente, oportunidades democráticas de acesso à formação cultural diversa, por meio de Cursos Técnicos, Básicos, de Extensão e Complementares, com grande repercussão social.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO - Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Palácio da Liberdade, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes, Palácio da Liberdade e a CâmeraSete. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todas as pessoas.
Livremente inspirado no livro da autora colombiana María Ospina Pizano, “Talvez eu tenha aberto meus olhos no escuro e olhado” estreia dia 29 de novembro
Espetáculo “Talvez eu tenha aberto meus olhos no escuro e olhado”
Local: CICALT - Centro Interescolar de Cultura, Arte, Linguagens e Tecnologias
Rua Santo Agostinho, 1441, Horto, Belo Horizonte
Classificação indicativa: 16 anos
Informações https://fcs.mg.gov.br
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