Em 9 de julho, será realizado em São Roque de Minas, na microrregião da Canastra, o décimo e último fórum regional do projeto “Promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal - Patrimônio Cultural Brasileiro e da Humanidade”, desenvolvido pelo Instituto Periférico. O encontro será às 16h na Escola Estadual General Carneiro, no Centro da cidade. A iniciativa tem como objetivo valorizar e fortalecer o patrimônio cultural representado pela produção do Queijo Minas Artesanal, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, além de incentivar a preservação das técnicas tradicionais desse saber ancestral.
Ao longo dos últimos meses, o projeto percorreu nove microrregiões de Minas Gerais promovendo fóruns de escuta, debates e troca de experiências, destacando o papel central das comunidades produtoras para a continuidade dessa tradição. Já receberam os encontros as regiões de Entre Serras da Piedade ao Caraça, Cerrado, Serra do Salitre, Triângulo Mineiro, Serro, Diamantina, Araxá, Campos das Vertentes e Serras da Ibitipoca. A realização dos fóruns reafirma o compromisso com a construção coletiva de políticas de reconhecimento e salvaguarda do patrimônio cultural.
Foto:Marco Aurélio Prates
A expressiva participação de produtores, agentes de
patrimônio, autoridades locais e demais entusiastas tem evidenciado a
relevância do tema e o forte engajamento das comunidades. Os encontros têm sido
férteis de diálogo, onde vêm à tona as especificidades regionais, os desafios
enfrentados, os pontos fortes e o potencial de valorização do Queijo Minas
Artesanal. Trata-se de um esforço conjunto pela preservação de uma tradição
viva, que alia cultura e desenvolvimento sustentável das comunidades produtoras.
Gabriela Santoro, diretora-presidente do Instituto
Periférico, destaca a trajetória e os resultados do projeto até o momento:
“buscamos valorizar, por meio dos fóruns, as técnicas envolvidas na produção do
Queijo Minas Artesanal, enaltecendo os saberes seculares presentes na nossa
cultura alimentar e escutando aqueles que detêm o saber. A participação das
comunidades tem sido essencial para o sucesso dessa iniciativa, que visa
promover e preservar a rica tradição do estado de Minas Gerais”. Sua fala reforça
o compromisso com uma política de patrimônio que seja inclusiva, participativa
e sustentável, construída com e pelas comunidades locais.
Foto:Marco Aurélio Prates
Na Canastra, o fórum conta com apoio da Associação dos
Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), fortalecendo ainda mais a articulação
entre os diferentes elos da cadeia produtiva. A valorização do Queijo Minas
Artesanal da Canastra, com suas características e forte vínculo com o
território, é uma das metas do projeto, que busca consolidar estratégias de
salvaguarda desse patrimônio singular.
Para Higor Freitas, gerente-executivo da Aprocan, o fórum
de escuta e discussão na microrregião da Canastra é uma excelente oportunidade
para que os produtores possam expressar suas opiniões e contribuir na
formulação de ações estratégicas voltadas para a promoção e a salvaguarda deste
importante bem cultural. “Após séculos de história e muito trabalho de inúmeras
famílias mineiras, que mantiveram essa tradição viva ao transmitirem seus
conhecimentos de geração em geração, agora, os principais protagonistas desse
processo, os produtores, têm voz e o merecido destaque para impulsionar ainda
mais o nosso Queijo Minas Artesanal”, afirma Higor.
Ele afirma ainda que cerca de 800 famílias produzem, em
média, 20 quilos de queijo por dia na região da Canastra, totalizando,
aproximadamente, 16 toneladas diárias de Queijo Minas Artesanal. Esta iguaria,
que, segundo a legislação atual, precisa ser maturada por no mínimo 14 dias,
carrega consigo as características sensoriais que só o queijo da Canastra
possui. Casca amarelo-ouro, que pode conter fungos, massa compacta, macia,
sabor e aroma láticos, sal e acidez equilibrados, são algumas características
que o clima, a vegetação, água, altitude e o saber-fazer dos produtores locais
proporcionam ao produto.
Ainda segundo dados da Aprocan, apenas os produtores dos
oito municípios que estão dentro da área delimitada pela Indicação de
Procedência Canastra, podem ostentar o “Canastra”: Tapiraí, Medeiros, Bambuí,
São Roque de Minas, Piumhi, Vargem Bonita, São João Batista do Glória e
Delfinópolis.
De acordo com dados da Emater, o Queijo Minas Artesanal
da Canastra apresenta características físicas e sensoriais inconfundíveis,
determinadas por um conjunto de fatores relacionados ao clima, topografia e
altitude. O resultado deste microclima único é um queijo de agradável sabor
ácido, com textura homogênea, que varia de semidura a macia, em cor
creme-claro. As peças têm entre 1 kg e 1,2 kg”.
Carlos Bovo, coordenador técnico regional da Emater-MG,
ressalta que, desde o início da luta pela regularização do Queijo Minas
Artesanal, o foco tem sido tornar essa produção legalizada e reconhecida nos
âmbitos estadual e nacional. “Este projeto, que destaca o queijo como
patrimônio imaterial da humanidade, coroa todo um trabalho de mais de 200 anos
dos produtores. Essa conquista valoriza o modo de fazer tradicional, reforça a
identidade cultural e eleva o valor de mercado do produto, principalmente nas vendas
diretas, como ocorre na Serra da Canastra, que se consolidou como um grande
atrativo comercial”, destaca o coordenador.
Carlos ressalta que na Canastra são produzidos cerca de
26 milhões de litros de leite por ano, resultando em uma produção volumosa de,
aproximadamente, 2,15 milhões de quilos de queijo.
O projeto “Promoção
dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal - Patrimônio Cultural Brasileiro e
da Humanidade” é uma realização do Instituto Periférico, a partir de recursos
contemplados via Plataforma Semente | Cemais, por meio do Ministério Público de
Minas Gerais (MPMG), em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura e Turismo
de Minas Gerais, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de
Minas Gerais (Iepha-MG), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), a Associação Mineira do Queijo Artesanal (Amiqueijo), com
apoio técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de
Minas Gerais (Emater-MG).
Fórum de escuta e discussão do
projeto “Promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal - Patrimônio
Cultural Brasileiro” - Microrregião da Canastra
Data: 9 de julho de 20225, às 16h
Local: Escola Estadual General Carneiro, no Centro da cidade
informações: www.institutoperiferico.org/queijominaspatrimonio
Instagram: @queijominaspatrimonio
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