quarta-feira, 2 de julho de 2025

“Promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” será realizado na Canastra

 

Em 9 de julho, será realizado em São Roque de Minas, na microrregião da Canastra, o décimo e último fórum regional do projeto “Promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal - Patrimônio Cultural Brasileiro e da Humanidade”, desenvolvido pelo Instituto Periférico. O encontro será às 16h na Escola Estadual General Carneiro, no Centro da cidade. A iniciativa tem como objetivo valorizar e fortalecer o patrimônio cultural representado pela produção do Queijo Minas Artesanal, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, além de incentivar a preservação das técnicas tradicionais desse saber ancestral.

Ao longo dos últimos meses, o projeto percorreu nove microrregiões de Minas Gerais promovendo fóruns de escuta, debates e troca de experiências, destacando o papel central das comunidades produtoras para a continuidade dessa tradição. Já receberam os encontros as regiões de Entre Serras da Piedade ao Caraça, Cerrado, Serra do Salitre, Triângulo Mineiro, Serro, Diamantina, Araxá, Campos das Vertentes e Serras da Ibitipoca. A realização dos fóruns reafirma o compromisso com a construção coletiva de políticas de reconhecimento e salvaguarda do patrimônio cultural.

                      Foto:Marco Aurélio Prates


A expressiva participação de produtores, agentes de patrimônio, autoridades locais e demais entusiastas tem evidenciado a relevância do tema e o forte engajamento das comunidades. Os encontros têm sido férteis de diálogo, onde vêm à tona as especificidades regionais, os desafios enfrentados, os pontos fortes e o potencial de valorização do Queijo Minas Artesanal. Trata-se de um esforço conjunto pela preservação de uma tradição viva, que alia cultura e desenvolvimento sustentável das comunidades produtoras.

Gabriela Santoro, diretora-presidente do Instituto Periférico, destaca a trajetória e os resultados do projeto até o momento: “buscamos valorizar, por meio dos fóruns, as técnicas envolvidas na produção do Queijo Minas Artesanal, enaltecendo os saberes seculares presentes na nossa cultura alimentar e escutando aqueles que detêm o saber. A participação das comunidades tem sido essencial para o sucesso dessa iniciativa, que visa promover e preservar a rica tradição do estado de Minas Gerais”. Sua fala reforça o compromisso com uma política de patrimônio que seja inclusiva, participativa e sustentável, construída com e pelas comunidades locais.

                     Foto:Marco Aurélio Prates



Na Canastra, o fórum conta com apoio da Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), fortalecendo ainda mais a articulação entre os diferentes elos da cadeia produtiva. A valorização do Queijo Minas Artesanal da Canastra, com suas características e forte vínculo com o território, é uma das metas do projeto, que busca consolidar estratégias de salvaguarda desse patrimônio singular.

Para Higor Freitas, gerente-executivo da Aprocan, o fórum de escuta e discussão na microrregião da Canastra é uma excelente oportunidade para que os produtores possam expressar suas opiniões e contribuir na formulação de ações estratégicas voltadas para a promoção e a salvaguarda deste importante bem cultural. “Após séculos de história e muito trabalho de inúmeras famílias mineiras, que mantiveram essa tradição viva ao transmitirem seus conhecimentos de geração em geração, agora, os principais protagonistas desse processo, os produtores, têm voz e o merecido destaque para impulsionar ainda mais o nosso Queijo Minas Artesanal”, afirma Higor.

Ele afirma ainda que cerca de 800 famílias produzem, em média, 20 quilos de queijo por dia na região da Canastra, totalizando, aproximadamente, 16 toneladas diárias de Queijo Minas Artesanal. Esta iguaria, que, segundo a legislação atual, precisa ser maturada por no mínimo 14 dias, carrega consigo as características sensoriais que só o queijo da Canastra possui. Casca amarelo-ouro, que pode conter fungos, massa compacta, macia, sabor e aroma láticos, sal e acidez equilibrados, são algumas características que o clima, a vegetação, água, altitude e o saber-fazer dos produtores locais proporcionam ao produto.

Ainda segundo dados da Aprocan, apenas os produtores dos oito municípios que estão dentro da área delimitada pela Indicação de Procedência Canastra, podem ostentar o “Canastra”: Tapiraí, Medeiros, Bambuí, São Roque de Minas, Piumhi, Vargem Bonita, São João Batista do Glória e Delfinópolis.

De acordo com dados da Emater, o Queijo Minas Artesanal da Canastra apresenta características físicas e sensoriais inconfundíveis, determinadas por um conjunto de fatores relacionados ao clima, topografia e altitude. O resultado deste microclima único é um queijo de agradável sabor ácido, com textura homogênea, que varia de semidura a macia, em cor creme-claro. As peças têm entre 1 kg e 1,2 kg”.

Carlos Bovo, coordenador técnico regional da Emater-MG, ressalta que, desde o início da luta pela regularização do Queijo Minas Artesanal, o foco tem sido tornar essa produção legalizada e reconhecida nos âmbitos estadual e nacional. “Este projeto, que destaca o queijo como patrimônio imaterial da humanidade, coroa todo um trabalho de mais de 200 anos dos produtores. Essa conquista valoriza o modo de fazer tradicional, reforça a identidade cultural e eleva o valor de mercado do produto, principalmente nas vendas diretas, como ocorre na Serra da Canastra, que se consolidou como um grande atrativo comercial”, destaca o coordenador.

Carlos ressalta que na Canastra são produzidos cerca de 26 milhões de litros de leite por ano, resultando em uma produção volumosa de, aproximadamente, 2,15 milhões de quilos de queijo.

O projeto “Promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal - Patrimônio Cultural Brasileiro e da Humanidade” é uma realização do Instituto Periférico, a partir de recursos contemplados via Plataforma Semente | Cemais, por meio do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de Minas Gerais, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Associação Mineira do Queijo Artesanal (Amiqueijo), com apoio técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).

Fórum de escuta e discussão do projeto “Promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal - Patrimônio Cultural Brasileiro” - Microrregião da Canastra
Data: 9 de julho de 20225, às 16h
Local: Escola Estadual General Carneiro, no Centro da cidade
informações:
www.institutoperiferico.org/queijominaspatrimonio
Instagram: @queijominaspatrimonio

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