Minas Gerais está em pauta durante os dias 10 e 13 de julho durante a 47ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, em Paris. Se aprovado, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu será oficialmente incluído na lista do Patrimônio Mundial Natural. Um dos maiores patrimônios naturais e arqueológicos do Brasil está prestes a conquistar reconhecimento internacional. O cânion do rio Peruaçu, localizado dentro do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no norte de Minas Gerais, será avaliado.
A expectativa é que a candidatura do Peruaçu seja apreciada provavelmente no dia 13 pela manhã, lembrando que existem cinco horas de fuso horário entre o Brasil e a França.
Se
aprovado, o Peruaçu passará a integrar o seleto grupo de
sítios brasileiros reconhecidos como Patrimônio Mundial Natural, ao lado de
locais como os Lençóis Maranhenses, Fernando de Noronha, o Pantanal e o
Parque Nacional do Iguaçu. Mais do que prestígio, o título pode impulsionar
o turismo sustentável, atrair investimentos, promover a educação ambiental e
fortalecer a proteção da área.
Com mais de 200 cavernas catalogadas e 1.000 prospectadas, paredões calcários monumentais, sítios arqueológicos milenares e uma biodiversidade única, o Peruaçu reúne paisagens cênicas e registros humanos que remontam a 12 mil anos. A área abriga ecossistemas da Mata Atlântica, do Cerrado e da Caatinga, além da maior estalactite do mundo, conhecida como “Perna da Bailarina”, com 28 metros.
A
candidatura brasileira é resultado de 27 anos de estudos e articulação técnica
e política. O primeiro reconhecimento internacional da importância do Peruaçu ,
ocorreu em 1998, quando a região foi incluída na Tentative List da Unesco,
através das articulações do professor José Ayrton Labegallini, que foi o
principal propulsor de divulgação do Peruaçu para comunidade científica e
espeleológica mundial.
O projeto
ganhou novo impulso a partir de 2017, sob a liderança do espeleólogo Leonardo
Giunco, que teve papel essencial na articulação com órgãos como o Ministério do
Meio Ambiente, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
e a União Internacional de Espeleologia (UIS), além da mobilização do governo
estadual, junto ao governo federal e à Câmara dos Deputados.
Leônidas
Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo, lembra que, na época, o
governo de Minas ajudou na articulação junto à Unesco, inclusive colaborando
nas visitas técnicas do comitê, “ Minas é terra de memória, de pedra e de
gente. Em menos de dois anos, os nossos queijeiros e queijeiras, com seus modos
de fazer passados de geração em geração, e as comunidades do Norte de Minas,
guardiãs do Vale do Peruaçu, colocaram o Estado no centro do mapa mundial do
patrimônio. O queijo e o cânion, o sabor e a paisagem, a cultura e a natureza —
tudo fala de um mesmo povo. O Peruaçu é o barroco da natureza: monumental,
misterioso e belo. Esses reconhecimentos são da nossa terra, do nosso povo, das
nossas origens. Que o mundo conheça, proteja e celebre o que sempre foi nosso.
Minas é patrimônio do mundo”.
O impulso
final veio com o trabalho de Bernardo Issa, chefe do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação, que elaborou todo o dossiê da candidatura em tempo
recorde, como também realizou todos os encaminhamentos exigidos pelos órgãos
representativos da Unesco e da UICN, quando da vistoria técnica realizada no
cânion do Peruaçu e que gerou os relatórios que darão base à votação que
ocorrerá esta semana.
Um ponto importante no decorrer da candidatura foi a retomada da nomenclatura original Cânion do Rio Peruaçu utilizada na inscrição da área na Tentative List da Unesco em 1998. Essa designação substituiu formalmente o nome Parque Nacional Cavernas do Peruaçu na documentação da candidatura atual, alinhando-se à proposta inicial e reforçando a ênfase nos valores naturais e geológicos excepcionais do cânion.
Entre os
dias 19 e 22 de outubro de 2024, uma missão da IUCN – órgão técnico da Unesco
para áreas naturais – realizou uma inspeção detalhada no parque. A vistoria
incluiu visitas às principais cavernas, áreas de arte rupestre, trilhas,
estruturas de conservação e projetos de base comunitária. O parecer técnico
final foi entregue em abril de 2025, recomendando que a candidatura siga para
deliberação do comitê.
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