Um marco no resgate da história das Minas e bela Gerais. Hoje a população de Pirapora e toda Minas Gerais, comemoram o o retorno do retorno do barco a vapor Benjamim Guimarães ao leito do Rio São Francisco, o "velho Chico". A embarcação, a única com máquina a vapor alimentada por lenha ainda existente no mundo, ficou parada por 12 anos e nos últimos cinco permaneceu fora d'água, passando por um processo de restauração.
A solenidade de “reinauguração” do Benjamim Guimarães foi no cais do Velho Chico, dentro das festividades dos 113 anos de emancipação político-administrativa do município preparadas pela Prefeitura de Pirapora.
Embora a reinauguração oficial aconteça agora, o vapor ainda continuará parado por algum tempo. O retorno dos passeios turísticos no Velho Chico deverá ocorrer no segundo semestre, possivelmente em novembro, após vencidas etapas burocráticas. A navegação depende também do volume de água do rio.
O Vapor
Benjamim Guimarães passou por uma restauração completa, viabilizada pelo
Ministério de Minas e Energia e pela Eletrobras, com verba de federal, no valor
de R$ 5,8 milhões, do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das
Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba. Os serviços foram
executados pela empresa Indústria Naval Catarinense (INC).
Durante a
revitalização, foi feita a reforma geral do vapor na parte de madeira. Foram
ainda instaladas caldeira e chaminé novas, e reestruturadas partes do casco e
da casa de máquinas. “O vapor está novo e muito bonito. Um orgulho não só para
Pirapora, mas para toda Minas Gerais e o Brasil. Afinal, é o único no mundo
ainda movido a caldeira de lenha”, comemora o presidente da Empresa de Turismo
de Pirapora (Emutur), Elton Jackson.
“A recuperação
do vapor representa muito para Pirapora e para a região, não só culturalmente,
mas principalmente como instrumento de incentivo turístico, que mexe bastante
com a cadeia econômica da nossa cidade. Depois do próprio Rio São Francisco, o
vapor Benjamim Guimarães é um dos nossos principais atrativos turísticos”,
avalia.
A partir da
“reinauguração”, informou, a Prefeitura de Pirapora manterá contatos com a
Marinha do Brasil para que seja feita uma vistoria visando à liberação dos
passeios pelo rio. Também deverá ser mantido contato com o Departamento de
Infraestrutura em Transportes Terrestres (Dnit) para a sinalização dos pontos
de navegação dentro do leito do rio.
O secretário de
Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira, também
comemorou a reinauguração da embarcação como um momento histórico. “A entrega
do vapor Benjamim Guimarães é um reencontro com a alma do povo mineiro e
ribeirinho. Ele carrega memórias, histórias de fé, de luta e de esperança que
navegam junto com o Velho Chico. É um patrimônio que não repousa: segue em
movimento, como a própria cultura”, afirmou Leônidas.
A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) divulgou que a recuperação do vapor também contou com a participação do governo de Minas, por meio da pasta e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), em parceria com a Prefeitura de Pirapora. “As intervenções contemplaram desde a substituição do casco até a revisão completa do maquinário, passando pela recuperação da chaminé, dos camarotes, da roda de pás e de todos os sistemas que compõem sua estrutura centenária”, descreve a pasta.
HISTÓRIA - O
vapor Benjamim Guimarães foi construído em 1913, pelo estaleiro norte-americano
James Rees & Sons, e navegou inicialmente pelo Rio Mississipi, no país de
origem. Na sequência, veio para o Brasil, onde, por alguns anos, percorreu o
Rio Amazonas, sendo transferido para o São Francisco em 1920.
Na segunda
metade da década de 1920, a empresa Júlio Guimarães adquiriu a embarcação e a
montou no porto de Pirapora, onde recebeu o nome de “Benjamim Guimarães”, uma
homenagem ao patriarca da família proprietária da empresa. A partir de então, o
vapor passou a fazer contínuas viagens ao longo do Rio São Francisco e em
alguns dos seus afluentes.
O Benjamim
Guimarães foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e
Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) em 1985. Durante décadas, foi um
importante meio de transporte para mercadorias e passageiros, conectando
comunidades ribeirinhas e promovendo o comércio e a troca cultural. A cada
viagem entre Pirapora e Juazeiro (BA), trecho de 700 quilômetros em que o Rio
São Francisco é navegável, ele se tornava um elo entre o passado e o presente,
transportando não apenas pessoas, mas também tradições e memórias.
A partir da
década de 1980, o Benjamim Guimarães passou a ser usado para passeios
turísticos, com ponto de partida e de chegada em Pirapora. Com problemas em sua
caldeira e outras avarias, o vapor parou de navegar em 2013. O processo de
recuperação ficou muito tempo parado devido à falta de dinheiro. Somente em
setembro de 2024 a revitalização foi viabilizada e agilizada Ministério de
Minas e Energia e pela Eletrobras.
PESO
ECONÔMICO - O retorno do vapor Benjamim Guimarães ao Rio São Francisco
representa a expectativa da volta de muitos visitantes a Pirapora e de
movimento na economia local, avalia o diretor de Patrimônio Histórico,
Artístico e Cultural da Prefeitura de Pirapora, Adélio Brasil Filho.
Ele afirma
que a interrupção dos passeios da embarcação acarretou uma perda de 60% no
turismo local, prejuízo que o município espera superar com a revitalização do
barco. “O vapor tem atrelado a ele a Orquestra Sinfônica Jovem, o turismo de
fim de semana, aquele turista que vem para a praia por causa do vapor. É o
convite aberto para que as pessoas venham à cidade. Só de falar que vai voltar,
a cidade já respira outros ares”, afirma Adélio.
O diretor do
Patrimônio Histórico e Cultural de Pirapora salienta que, além da reforma da
embarcação, deverão ser feitas obras de melhoria no cais (no píer) junto ao Rio
São Francisco para facilitar o acesso dos turistas. Também deverá ser realizada
uma capacitação dos integrantes da tripulação do vapor – mestres e pilotos –
pela Capitania dos Portos de Minas Gerais.
Segundo
Adélio Brasil Filho, os passeios no Velho Chico só devem ser retomados em
novembro. Porém, antes disso, a antiga embarcação vai movimentar o fluxo de
turistas na cidade, aposta. “Antes (do passeios), o vapor será aberto à
visitação. A orquestra sinfônica já voltará a se apresentar mensalmente”,
disse. Os espetáculos da orquestra sinfônica no vapor serão iniciadas neste mês
de junho, informou. “Todo o turismo (em Pirapora) é atrelado ao vapor”, conclui
Adélio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário