A 60 Km da capital
mineira, localizado no município de Brumadinho, o maior museu a céu aberto do
mundo vem se destacando. Ao fim de 2024, o Instituto Inhotim celebra ter
alcançado o seu maior público dos últimos sete anos, somando mais de 335 mil
visitantes. Do total, quase 60% acessou o museu, o maior a céu aberto da
América Latina, gratuitamente. Além disso, a série de iniciativas do programa
educativo do complexo também registrou crescimento, atendendo a uma audiência
44% maior na comparação com o ano passado. informações https://www.inhotim.org.br/categorias/galeria/
Já do ponto de vista
ambiental, o equipamento localizado em Brumadinho, na região metropolitana de
Belo Horizonte, comemora a obtenção de duas novas certificações – e,
ainda, a descoberta
de uma nova espécie de orquídea, a Catasetum x inhotimensis, batizada em homenagem ao lugar.
Em relação ao crescimento
do volume de visitantes, os números representam a manutenção da tendência já
verificada no ano passado. Os resultados de 2023, afinal, já apontavam para um
caminho de crescimento tanto de público quanto de acesso pelos programas de
gratuidade – são dois, um garantindo entrada sem custos toda quarta-feira e,
outro, no último domingo de cada mês.
O novo recorde, claro,
pode ser lido como sinal de sucesso na condução contínua de trabalhos e
projetos já característicos do lugar, caso das inaugurações de novas exposições
temporárias de longa duração – que devem seguir em exibição até 2026. Considerando
apenas as datas de inauguração das seis mostras inauguradas ao longo dos
últimos 12 meses, um público de mais de 8 mil pessoas foi registrado.
Outro fator por trás
deste 2024 exitoso é o fortalecimento da programação pública, que foi
incrementada por duas novas ações: o programa “O que é...?”, que instiga o
público com perguntas aparentemente simples, propondo, por meio intervenções de
convidados especiais, reflexões que conjugam arte, natureza e educação; e o
Jardim Sonoro, festival de música com curadoria da própria instituição,
que foi realizado em julho e recebeu cerca de 9 mil pessoas durante os três
dias em que foi realizado.
Exposições
Na temporada
de abertura de novas exposições, em abril, o Inhotim inaugurou a obra “O Barco |
The Boat”, de 2021, uma narrativa visual e performativa que a artista Grada
Kilomba apresentada pela primeira vez no Brasil; a série “Esconjuro”, que reúne
obras comissionadas do artista Paulo Nazareth, propondo uma conversa simbiótica
entre arte e natureza, que reflete território e transitoriedade; e a mostra coletiva “Ensaios sobre paisagem” (2024), que
congrega trabalhos dos artistas Aislan Pankararu, Ana Cláudia Almeida, Castiel
Vitorino Brasileiro e Zé Carlos Garcia, na Galeria Lago, propondo uma
investigação sobre a paisagem, não apenas como um espaço físico, mas como um
território de expressão e significados múltiplos.
Obra de Paulo Nazareth que integra a
individual Esconjuro | Crédito: Inhotim
Já em outubro, o
instituto recebeu outras exposições temporárias, caso da instalação imersiva “Homo
sapiens sapiens”, da suíça Pipilotti Rist, filmada nos jardins do Inhotim em
2004, dois anos antes da abertura do espaço para a visitação pública, e exibida
originalmente na Bienal de Veneza em 2005, que só agora, duas décadas depois, é
apresentada no lugar onde foi concebida; da obra comissionada “Apenas depois da
chuva”, da baiana Rebeca Carapiá, artista que integrou uma mostra coletiva –
Direito à forma– no museu no ano passado; e de “Tangolomango”, da
belo-horizontina Rivane Neuenschwander, que, desde 2009, apresenta no Inhotim a
obra Continente/Nuvem, instalada em uma casa construída em 1874, remanescente
da fazenda que existia no terreno antes da chegada do instituto.
Público na obra Homo
sapiens sapiens, de Pipilotti Rist | Crédito: Flávio Tavares
Jardim Sonoro e O que é?
Em sua primeira
edição, o Jardim Sonoro
recebeu apresentações de artistas nacionais e internacionais em três palcos espalhados pelo
parque, incluindo nomes como Paulinho da Viola, Sambas do Absurdo com Juçara
Marçal, Gui Amabis, Rodrigo Campos e Regis Damasceno, Aguidavi do Jêje, além
dos mali/franceses Ballaké Sissoko & Vincent Segal, dos norte-americanos
Joshua Abrams & Natural Information Society, do francês Kham
Mesˇlien, do angolano Kalaf Epalanga e da saxofonista Zoh Amba, dos Estados
Unidos.
Ainda na seara musical, o
Quarteto Inhotim e a orquestra mantida pelo instituto realizaram, pela primeira
vez, apresentações para além dos limites geográficos de Minas Gerais, com
concertos no Teatro São Pedro, em São Paulo.
Kalafa Epalanga se apresenta na primeira edição do festival
Jardim Sonoro, com curadoria própria do Inhotim | Crédito: Daniela
Paoliello/Divulgação
Já o programa “O que é?”
buscou responder questões como “O que é um sonho?”, “O que é transmutar?”, “O
que é um rio?”, “O que é uma pedra?”, “O que é uma planta?” e “O que é o
tempo?”, e reuniu convidados como Ricardo Aleixo, Anelis Assumpção, Sidarta
Ribeiro, Ava Rocha, Brigitte Baptiste, UÝRA e Emanuele Coccia.
Educativo e meio ambiente
Com 11 projetos
integrando seu programa educativo – entre eles o Nosso Inhotim, o Ateliê
Circulante, o Inhotim Para Todos, o Descentralizando o Acesso, o Jovens Agentes
Ambientais e as Residências Pedagógicas, além das visitas temáticas –, o
museu cita ter atendido mais de 41 mil pessoas, um crescimento de 44% em
relação a 2023.
O ano de 2024 ainda
marcou outra estreia na história do instituto: o lançamento do livro “O que o
nosso povo contou”, primeira publicação do selo Saberes e Memórias. O título
mostra narrativas e arquivos costurados para consolidar um conteúdo com uma perspectiva
culturalmente significativa para as comunidades quilombolas de Ribeirão,
Marinhos, Rodrigues e Sapé e para outras comunidades quilombolas e
remanescentes de quilombos brasileiros.
Em relação ao meio
ambiente, duas novas certificações ambientais foram conquistadas pelo Inhotim,
que, agora, possui o Selo Ouro no Programa Brasileiro GHG Protocol e o selo
BGCI Accredited Garden, emitido pelo Botanic Gardens Conservation Internation.
Esta foi a primeira vez que um jardim botânico brasileiro recebeu o selo de
credenciamento da maior rede de jardins botânicos do mundo.