quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Criança de 3 anos escuta pela primeira vez com cirurgia na Santa Casa BH

                                                            Cirurgia da Luna. Crédito: Samuel Ramos

 Alegria e emoção transbordaram no consultório de Fonoaudiologia do Ambulatório Especializado Santa Casa BH, localizado na rua Domingos Vieira, no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. Isso porque a pequena Luna Victória, de 3 anos, ouviu pela primeira vez, após a ativação do implante coclear, na manhã  do dia 24 de janeiro.

O implante coclear, também conhecido como “ouvido biônico”, é um procedimento pioneiro na Santa Casa BH, que atende 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A técnica é utilizada quando os aparelhos auditivos habituais não conseguem auxiliar na perda da audição e pode ser implantada em bebês e adultos. O implante coclear consiste na inserção de um dispositivo que é colocado debaixo da pele atrás da orelha. Eletrodos são colocados na cóclea e funcionam como se fosse um substituto do ouvido interno.

De acordo com a equipe multidisciplinar de saúde, uma das possíveis causas da perda auditiva de Luna tenha sido provocada devido ao excesso de medicamentos ototóxicos que ela recebeu durante o período neonatal. Como a menina nasceu prematura de oito meses, ela precisou ficar internada 38 dias na UTI. Estudos apontam que as substâncias tóxicas exercem ação predominante na orelha interna, podendo afetar a audição.

A fonoaudióloga da Santa Casa BH, Joana Pires, conta que a ativação do implante coclear em crianças que nunca ouviram e não falam é mais desafiadora. Nesses casos, são enviados estímulos ao nervo auditivo da paciente, que são regulados na hora, e são feitas análises das respostas comportamentais. “A ativação do implante da Luna foi um sucesso. Ela é uma menina muito esperta e tenho certeza que terá um desenvolvimento escolar e social muito bom”, explica.

                                Luna ouvindo pela 1ª vez. Crédito: Samuel Ramos

A história da Luna é mais um exemplo de como a tecnologia aliada a profissionais capacitados pode transformar a vida das pessoas, proporcionando a elas a oportunidade de desenvolver e se comunicar com o mundo. “Para nós, que lutamos para levar saúde de ponta para todos, esse é um momento muito importante, pois estamos oferecendo mais saúde e qualidade de vida para quem mais precisa”, ressalta a fonoaudióloga.

Teste de surdez  -  Virna Beatriz, mãe da criança, conta que a filha fez três testes da orelhinha quando ainda era bebê, com resultados inconclusivos. “Somente após outros exames e avaliações otorrinolaringológicas é que descobrimos a perda auditiva nos dois ouvidos. A Luna tinha três meses de vida”, relata.


                                           Veja o vídeo da Luna escutando pela primeira vez

Com a descoberta da surdez, a menina chegou a usar aparelho auditivo por alguns meses, mas não teve resultados satisfatórios. Luna é de Guarda dos Ferreiros, Rio Paranaíba - MG, e a família veio para Belo Horizonte em 2023 à procura de um tratamento especializado, até chegar à Santa Casa BH - referência em saúde auditiva por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), no estado.

Implante Coclear- A coordenadora do serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa BH, Dra. Mirian Cabral foi a responsável pela cirurgia. Ela conta que o implante coclear é feito em duas etapas. A primeira consiste em realizar o procedimento cirúrgico para colocar o implante, que substitui a cóclea, uma estrutura que parece um caracol e que recebe a transmissão do som e dirige esse estímulo para o nervo que vai para o cérebro, permitindo assim que a paciente ouça e compreenda o que foi escutado. O dispositivo possui eletrodos que penetram em todo o canal da cóclea, ocupando o lugar das células defeituosas.

A segunda parte, que acontece cerca de 30 dias após a cirurgia, é o momento da ativação do implante, com a colocação do processador de som externo. Para a criança, seus familiares e a equipe multidisciplinar que acompanha a Luna, esse é um momento muito especial, porque é a fase que ela realmente vai ouvir.  “É um marco. Além do ganho da audição, ela agora irá desenvolver a linguagem verbal, se comunicar com o mundo e terá melhores condições de saúde e bem-estar. A inserção da Luna na sociedade terá grande impacto na vida familiar e em seu futuro”, diz a Dra. Mirian.

A mãe da pequena Luna ficou muito emocionada ao ver sua filha ouvir pela primeira vez e dar um lindo sorriso. “Após tantos meses de luta, o meu sonho está se tornando real. Desde quando a minha filha nasceu, o meu desejo e de toda família era que ela pudesse ouvir, conhecer a minha voz. O que eu mais desejo agora é escutar ela dizer 'mamãe' ”, emociona-se.

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