quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Belo Horizonte: Cidade da Cultura – Pampulha, Patrimônio Cultural da Humanidade

 


Reconhecido internacionalmente pelas suas pinturas inspiradas na arquitetura mineira, o artista plástico Carlos Bracher inaugurou mais uma obra que fala da cultura, do patrimônio histórico, das paisagens e das pessoas que marcaram a história de Minas Gerais. O tríptico painel "Belo Horizonte: Cidade da Cultura – Pampulha, Patrimônio Cultural da Humanidade" foi entregue ao estado em cerimônia realizada no dia 24 de novembro, no prédio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), na Praça da Liberdade. A obra ocupará uma posição permanente na capital mineira, em local a ser definido pelo Iepha. O painel instalação, em formato tríptico, é composto por duas telas e, ao centro, uma tela de três metros de altura por sete metros de largura. O projeto tem o patrocínio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e conta com a chancela da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.

Todo o processo de desenvolvimento do painel-instalação foi documentado para integrar a própria criação, através da exibição de vídeos em monitores, mostrando as etapas criativas do autor, desde sua concepção em papel até a realização final da obra em si. “Esses três painéis são um pouco a síntese do que eu acredito ser Minas Gerais. A força desse grande passado, que se instituiu na cidade de Vila Rica e em outras cidades do período colonial. E que depois, nessa sucessão, veio dar Belo Horizonte, a capital de Minas. E que termina na Pampulha. Portanto, são três tempos: o presente, o passado e o futuro”, explica Bracher no vídeo que compõe a instalação.

"Belo Horizonte: Cidade da Cultura – Pampulha, Patrimônio Cultural da Humanidade" propõe uma viagem multissensorial e didática aos nossos costumes e à nossa história, dando, tanto aos moradores locais, quanto aos turistas que visitam o Complexo Liberdade, a oportunidade de conhecer uma Minas sob a perspectiva de um olhar único: o de um artista mineiro renomado internacionalmente. Muito emocionado, Carlos Bracher relatou o processo criativo das obras e as principais referências, em especial o modernismo em suas telas. O artista também falou sobre os elementos do novo trabalho, que traz colagens e referências a Pelé, Carlos Drummond de Andrade, Juscelino Kubitschek, Tiradentes, Santos Dumont, Clube da Esquina, Guignard, Grupo Corpo e outros protagonistas da cultura de Minas Gerais.

“São seres que carrego e carregarei para sempre na minha alma e no meu espírito. A minha casa em Juiz de Fora, onde tanto aprendi, tudo isso que aqui está, essa devoção mágica e imagética do que seja a arte, esse pulsar, esse adentrar , esse estabelecer, esse aprofundamento do que somos nós, enigmas humanos. A arte é isso, essa condição específica de nós conduzimos nosso olhar, nosso coração a determinadas facetas, seja pela palavra, seja pelas cores. A vida é uma grande fábula”, destacou Bracher. 

O secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira, festejou a inauguração do painel e ressaltou o protagonismo de Carlos Bracher para a história das artes em Minas Gerais: “Vou dizer algumas poucas palavras e começo por gratidão, Bracher, pela sua existência no meio da civilização mineira, você a faz maior. Gratidão por ser um artista que leva Minas Gerais, leva nossa gente, nossa cultura, para o mundo inteiro. Muito obrigado”.

Belo Horizonte não é apenas a capital de Minas Gerais, importante estado que deu início à ocupação do território que compõe hoje o ´país, a partir das entradas dos bandeirantes paulistas, guiados pelos povos originários do Brasil, nos séculos XVI e XVII. É também a capital planejada e construída com base nos ideais republicanos e que, hoje, é reconhecida por sua arte, educação, cultura, importante centro estudantil, universitário e de serviços. Ilustres artistas, nascidos e radicados em Minas, como Guignard, Inimá de Paula, Yara Tupinambá e Lorenzato, dentre outros, já retrataram anteriormente aspectos de Belo Horizonte: suas paisagens, seus prédios de alto valor arquitetônico, de estilos e épocas distintas, com suas praças, ruas, lugares e recantos que fazem da cidade um conjunto encantador.


Obra "Belo Horizonte: Cidade da Cultura – Pampulha, Patrimônio Cultural da Humanidade", de Carlos Bracher, ficará em exposição permanente em Belo Horizonte, em local a ser definido pelo Iepha (Fotos Renata Garbocci/Secult)

O painel de Bracher tem o objetivo de reverenciar a cidade e, ao mesmo tempo, representar os grandes personagens da história de Minas, desde o mártir da Inconfidência Mineira, Tiradentes, passando pela célebre "Caravana” dos Modernistas (Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Blaise Cendrais, dentre outros), ocorrida em 1924. Essa viagem ao interior do país em busca da “autêntica arte brasileira”, identificada com a arquitetura colonial e o barroco mineiro, provocou um enorme impacto na nova geração de poetas e intelectuais (Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Abgar Renault e Emílio Moura). Ao homenagear notáveis literatos, o painel revela ainda como, ao longo do tempo, BH transformou-se em síntese da mineiridade pelo conjunto das gentes de todos os recantos, conectando-se num só povo, firmando-se na grande capital com sua identidade específica e autônoma.

JK: da Cemig à Pampulha-Devido à sua importância para a cidade, o conjunto arquitetônico da Pampulha, Patrimônio Cultural da Humanidade, tem uma posição de destaque no painel. Segundo Bracher, sua arquitetura visionária é resultado do futurismo de Juscelino Kubitschek que, quando era prefeito de Belo Horizonte, convidou o jovem arquiteto Oscar Niemeyer para projetar o conjunto da Pampulha. Anos depois, durante o mandato de JK na Presidência, a parceria se repetiria na construção da capital federal, também considerada Patrimônio Cultural da Humanidade. De acordo com a diretora de Comunicação Empresarial e Sustentabilidade da Cemig, Cristiana Kumaira, a Cemig tem um imenso orgulho em participar do projeto do Painel Instalação de Bracher, pois, assim como a Pampulha e a capital federal, a companhia elétrica também foi criada a partir da visão de futuro do então governador de Minas Gerais, que, em 22 de fevereiro de 1951, redigiu de próprio punho um bilhete, em que abordou a necessidade de um holding do setor elétrico.

“Sem o visionarismo de JK, a Cemig não seria o que é hoje, uma empresa de atende mais de nove milhões de clientes em todo o Estado e uma das maiores patrocinadoras de cultura de Minas Gerais, orgulho de todos os mineiros”, explica a diretora. “E o objetivo do painel é exatamente esse: o de ressaltar o orgulho de ser mineiro no coração de quem visita a instalação artística”, complementa Kumaira.

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