domingo, 1 de outubro de 2023

Inhotim complata 17 anos

 


Em setembro, mês do início da primavera, o Instituto Inhotim completou 17 anos de existência. De portas abertas desde 2006, o local oferece ao público uma proposta única que une arte e natureza. Local é o maior atrativo turístico de Brumadinho. Inhotim é considerado o maior museu a céu aberto do mundo, está a apenas 60 Km da capital mineira.

Quando alguém fala sobre o Inhotim, muitas sensações e lembranças podem vir à mente: as cores vibrantes do Magic Square #5, a copa vistosa do Tamboril, o embalo nas redes da Galeria Cosmococa, as espécies botânicas abundantes nos Jardins Temáticos e até mesmo a recordação de um passeio em família ou com pessoas queridas.

Para que o Inhotim seja esse lugar inesquecível, muitas pessoas atuam nas mais diversas funções em seus bastidores: da manutenção ao atendimento, da segurança à jardinagem, da serralheria à educação, cerca de 500 funcionárias e funcionários fazem parte do dia a dia e da história do Instituto, que também marca a vida de quem movimenta o Inhotim diariamente.



Você pode ter visitado no Inhotim uma pequena casa branca, próximo ao Largo das Orquídeas… mas provavelmente não imaginou que esta é a construção mais antiga do Instituto: erguida em 1874, o local, que abriga a obra Continente/Nuvem (2008), de Rivane Neuenschwander, é remanescente de uma fazenda que existia onde hoje está o museu e jardim botânico.


Enquanto para visitantes aquela é a 13ª galeria aberta no Inhotim, para Lúcio Geraldo Pinto, o espaço sempre vai ser a casa de Maria José Pinto de Lima, a vó Maria, onde ele cresceu vendo familiares fazendo biscoito na folha de bananeira. Ele é um dos funcionários mais antigos do Inhotim: já transitou por vários setores ligados à infraestrutura do Instituto, e hoje coordena a área de Manutenção. Entre construções e reparos, Lúcio se recorda das primeiras pavimentações feitas para guiar os caminhos de visitantes e dar acesso às primeiras galerias e jardins, que ajudaram a configurar o espaço que o Inhotim é hoje.



A Galeria Mata, que hoje recebe o Terceiro Ato da exposição de Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, foi um dos primeiros espaços expositivos do Inhotim. Além de receber mostras temporárias e exibir obras que fazem parte do acervo da instituição, sua arquitetura foi pensada para conectar o interior e o exterior do espaço. Inaugurada em 2002, antes mesmo de o Inhotim ser aberto ao público, foi nos jardins que rodeiam a Galeria Mata que, há dez anos, Elizabeth Tânia da Silva, a Bebete, começou sua caminhada no Inhotim.


Moradora do quilombo dos Marinhos, na zona rural de Brumadinho, Bebete desde criança gostou de estar em contato com plantas e com a natureza. Sua primeira missão no Inhotim foi cuidar dos jardins que rodeiam a Galeria Mata, em 2013. Desde então, suas mãos já ajudaram a enraizar e florescer plantas em vários outros espaços, como os jardins nas proximidades das esculturas de Edgar de Souza e da Galeria Miguel Rio Branco. Hoje, ela é a primeira mulher encarregada da área de jardinagem: tem um pouco de seu trabalho em todos os jardins do Inhotim.


Elton Damasceno, o Fubá, é especialista em produzir peças em resina e fibra de vidro, materiais que foram utilizados na criação das obras de John Ahearn e Rigoberto Torres, Abre a porta (2006) e Rodoviária de Brumadinho (2005). Depois de se envolver na produção das peças em um processo que durou mais de um ano, Fubá não deixou mais o Inhotim: participou da montagem da maioria das obras externas e galerias que fazem parte do acervo artístico, como Beam Drop Inhotim (2008), de Chris Burden, e De lama lâmina (2009), de Matthew Barney.


Atualmente, ele é coordenador da produção artística e trabalha em diversas forças-tarefas: realiza manutenções nas obras, auxilia artistas que chegam ao Instituto para produzirem obras comissionadas ou montarem trabalhos já executados. Dos trabalhos em que atuou recentemente, o que mais o marcou foi O espaço físico pode ser um lugar abstrato, complexo e em construção (2021), de Rommulo Vieira Conceição. Além de ter sido um processo longo e realizado durante a pandemia, a obra é repleta de signos e significados e integra a paisagem do Inhotim de forma permanente, deixando caminhos cada vez mais abertos para a presença de artistas negras e negros na instituição.


O primeiro emprego de Raphaelly Sandrine foi no Inhotim, mas sua história começou antes mesmo que ela possa recordar: Rapha foi batizada onde hoje é o Espaço Igrejinha. Depois de 13 anos como funcionária da instituição, ela já transformou seus desejos e descobriu novos potenciais muitas vezes. Passando pela monitoria e educação ambiental, foi em sua aproximação com os projetos de educação que ela encontrou na produção de eventos uma nova vocação.


Quando ficou responsável por executar projetos e produzir apresentações, Rapha se encantou com a possibilidade de atuar de uma forma mais dinâmica e criativa. Produtora de eventos do Inhotim, hoje todos os eventos realizados a envolvem em etapas de planejamento, logística e ajustes de operações. O desejo inicial de atuar no Jardim Botânico foi se modificando com a convivência com a arte e lembra que a natureza e os acervos do Inhotim estão em constante transformação – assim como as pessoas que passam pelo local.


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